quarta-feira, dezembro 23, 2009

La Cage aux Folles

José Raposo, no papel de Carlos Alberto/Zazá Napoli, "A Gaiola das Loucas".


Carlos Quintas, no papel de de Armando del Carlo, "A Gaiola das Loucas".


Caríssimos: devido a uma trabalheira de se lhe tirar o chapéu, andei a modos que um bocadinho a leste do blog. Mas aproveito uma pausa numa viagem, e enquanto bebo um café vejo os mails, vejo o fofinho do Facebook, e claro, lá vai um post no blog, que assim é que é bonito. Viva a Internet móvel, o WiFi, os notebooks, as áreas de serviço nas auto-estradas e o café quentinho!

No domingo fui ver a "Gaiola das Loucas", agora no Politeama. As quatro da vida airada entram pelo teatro dentro, onde se ouve a voz do La Féria: Programas! Quem quer programas! Lá fui eu comprar o programa da praxe, e a Ana foi ao wc, o que também já é costume. Eu estou ansiosa para entrar, é uma peça que me diz muito, e não me desilude: o tema foi tratado com respeito, mas também satirizado. Os actores estão todos, todos, sem excepção, soberbos. O José Raposo está maravilhoso, fantástico, maior que si mesmo e que o palco... digno e merecedor do todos os prémios que se possam imaginar. O Carlos Quintas... bem, perdoem o facciosismo, mas para mim o Quintas é sempre lindo, nem que seja a fazer papel de gay, e com bigode a sublinhar o nariz, e é O Actor. O Carlos Quintas é o último grande galã português, um Artista completo, actor, bailarino, cantor. E lindo, e charmoso até às últimas. Até de camisa de seda estampada.


No fim, as lágrimas inundam-me os olhos. Eu, que tive a sorte, ou melhor, a honra de conhecer e ainda ver actuar nomes como Lydia Barloff e Ruth Bryden ( e tantos outros, Suelly Cadillac, Deborah Kristal... ), ouvi-los a serem homenageados, a serem aplaudidos de pé. Artistas de uma arte que nem todos entendem e poucos aceitam, e eu, sortuda que cresceu numa família liberal, com uma mentalidade que nem parece portuguesinha, que tenho um tio emprestado que que é homossexual assumido, activista, ex-travesti, tonto, meio doido e amoroso como tudo ( a Zazá sem plumas faz-me lembrar o meu tio António ), correm-me as lágrimas pela cara ao lembrar os bons tempos em que o tio Zé ainda era vivo, e enquanto se maquilhava e "vestia" a Lydia eu contava-lhe sonhos e vontades, e ele sorria e dizia: tu vais longe, miúda...

Os meus parabéns ao La Féria e toda a equipa. A todos os actores, em especial aos dois protagonistas, duas estrelas do teatro português ( é preciso ser muito homem para fazer um papel destes e no fim ainda darem um beijo!, dizia a Micas, admirada ). Vê-se que está em cima do palco muita dedicação e um trabalho de amor. E acima de tudo, um grito de revolta, de alerta, de liberdade.

Quem me dera viver no mesmo mundo que o Carlos Alberto pede, antes de subir as escadas em pranto.

1 Comments:

Anonymous Ana Alves said...

Não podia estar mais de acordo!!!
Fui ver quinta-feira passada o espectáculo e de facto...aquele Carlos Quintas meu Deus! Que artista, que voz, que HOMEM! Um charme inconfundível! É sem dúvida O actor, O galã por excelência. Encantou-me mais uma vez mesmo fazendo uma personagem que foge ao seu mais "convencional" galã, como foi o caso do Capitão Von Trapp.
Todos os outros muito bem também!!!! Um grandioso José Raposo numa fabulosa Zaza Napoli! Parabéns!!!

1:37 da manhã  

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