Quero ser um Ídolo!

Estou a ver os Ídolos. Este programa enerva-me, especialmente porque sou uma péssima cantora e uma compositora nula, mas sou boa instrumentista e tenho um excelente ouvido, treinado ao longo de muitos anos de formação musical.
Aborrece-me esta gente que chega ali "cheio de si mesmo", como um dos jurados acabou de dizer. A pensar que meia dúzia de trapos da moda, uma cara laroca e acertar nas notas de um pseudo-cantor tão fugaz como a moda que o trouxe já os faz uma estrela. Pensar que cantar a acompanhar o auto-rádio do papá e no chuveiro os faz cantores. Aborrece-me ver gente que nunca aprendeu sequer a fazer um mi menor numa guitarra e nem sabe quantas linhas tem uma partitura vá ali berrar que nem cabras.
O mercado ilude as pessoas, que pensam que é fácil. Não é, meus amigos, não é. Ser músico, ser cantor é tão difícil como ser um grande atleta. Exige determinação, garra, horas e horas, anos e anos de treino, de prática, de choro e frustações, de pequenas alegrias que dão alento. Eu nunca tive estômago para isso, gosto tanto de música que nunca quis viver dela, como diria o Paredes. Se a tivesse seguido, nem seria cantora, porque ninguém merece isso, seria instrumentista. Mas o que mais me irrita é a falta de humildade, uma coisa tão importante em todos os aspectos da vida.
Cantar bem é fácil. Até eu consigo acertar nas notas. Bons cantores aparecem todos os anos. Mas estrelas, daquelas que rasgam o céu, arrastam multidões e ficam para sempre, essas são raras. e um Ídolo, quem o cria, não é júri nem um programa de quinta categoria na TV. São os anos, a experiência, a dedicação, o esforço, e o público. Por muito boa que seja a voz, por bonita que seja a cara, se não trouxer "pó de estrelas", nunca vão ficar no firmamento.