segunda-feira, julho 23, 2007

O fim... e um novo princípio.

À meia-noite de dia 20 de Julho de 2007, entrava o dia 21, eu estava na livraria com a Ana Maria, para comprar "Harry Potter and the Deathly Hallows." Anos de espera, de risos, de teorias, e todos os minutos valeram a pena.
Esta paixão está para lá da compreensão normal. Tem de se mergulhar de cabeça, tem de se ser apaixonado por esta história. E fui, sou e sei que serei sempre uma apaixonada por esta história. A grande J.K.Rowling pode ter escrito o ponto final, mas todos os fãs continuarão a tratar a história com tanto ou mais carinho. Continuaremos a ler, a ter teorias, a escrever fan-fictions.
Porque esta é uma paixão. E mesmo sendo ficção, ao longo dos anos afeiçoamo-nos às personagens, falamos delas como velhos conhecidos, e eu sei, no fundo do meu coração, que estas personagem irão viver para sempre.

( Se ainda não leu os Deathly Hallows, não faça highlight desta parte seguinte. Ficará então à vista dentro de uma semana. )

É uma grande alegria finalmente saber o fim da história, e ao mesmo tempo uma grande nostalgia. Senti arrepios e nervoso miudinho. Mas o fim foi um embate emocional enorme.
Ao longo dos anos que tenho seguido a história, a minha personagem favorita sempre foi o Severus Snape. Quando, no Half-Blood Prince, ele assassinou o Dumbledore, foi um choque para toda a gente. Muitos pensaram logo que enfim, ele era um traidor, e que o Dumbledore estava errado ao confiar nele. No entanto, eu continuei sempre a acreditar nele, sempre depositei fé nele. Parece estranho falar assim de uma personagem, mas todos nós acabámos por nos afeiçoar ao Harry, ao Ron, à Hermione, e por aí fora.
No Deatlhy Hallows, Severus Snape morre. Morre às mãos de Voldemort ( ou melhor, nos dentes de Nagini ). Morre sem nunca abandonar o seu posto, sem nunca trair a causa por que sacrificara a sua vida. a sua última acção é dar as suas memórias ao Harry, e as suas últimas palavras são também para ele.

"Olha para mim."

Harry quase entende, de certeza. Coloca as memórias do Snape no Pensatório de Dumbledore e vê. Vê um homem que amou Lily Evans desesperadamente, completamente, apaixonadamente. Um homem que morre a primeira vez quando ela morre, e que sacrifica o resto da sua vida, a andar no fio da navalha até ao último segundo, sem nunca trair, sem nunca hesitar. Que mesmo quando todos o odiavam por ter morto o Dumbledore, ele manteve a máscara firme, a máscara de traidor, e ajudava o Harry sem sequer este suspeitar.
Um homem cujo Patronus assume a forma do Patronus de Lily pelo amor que lhe tinha, e nem os anos moveram o seu amor um milímetro que fosse. E que, prestes a morrer, apenas quer morrer a olhar para os olhos que tanto amara. Os olhos verdes de Harry... Os olhos verdes de Lily.

Harry compreendeu tudo, e limpou o seu nome em frente de todos, ainda em frente ao Voldemort. Não se sabe se ele chega a receber a Ordem de Merlin póstuma, mas é possível. Também é possível que o seu retrato esteja no gabinete do Director de Hogwarts. Calcula-se que o seu nome nunca será esquecido, nem os seus actos, porque dezanove anos depois, Harry leva o seus filhos a King's Cross, para apanharem o Expresso de Hogwarts. James, o mais velho, já lá estuda. Lily, a mais nova, ainda não tem idade. Mas é o primeiro ano do filho do meio, o único a herdar os olhos verdes do pai e da avó. Albus, assim se chama o menino, faz uma pergunta cheia de medo ao pai, e Harry dá-lhe a resposta que fez todos os leitores que seguiram a história anos a fio, como eu, chorar lágrimas atrás de lágrimas, especialmente quem acreditou no Snape até ao último momento, quem, tal como eu, sempre depositou fé nele.

"E se eu for para os Slytherin?"
"Albus Severus. Tens o nome de dois grandes directores de Hogwarts. Um deles era um Slytherin, e foi um dos homens mais corajosos que conheci."

Todos nós choramos, sim. Porque estes livros ensinam muito, e a lição principal é a de o Amor ser o que de mais forte existe. Mas há duas personagens que nos ensinam isso e muito mais. Albus Dumbledore e Severus Snape não só ensinam o poder do Amor que vive para sempre, como ensinam que todos merecem uma segunda oportunidade. Que há que acreditar, ter fé, persistir na luta, mesmo quado é difícil, mesmo quando exige o pior. Ensinam a lealdade, a confiança cega, mesmo quando tudo está contra nós. Mais que o próprio Harry, Dumbledore e especialmente Snape, ensinam a força da dor, do remorso e do amor.

Quero acreditar que, no que ficou por contar, Snape recebeu a Ordem de Merlin. Que o seu nome constará como um dos maiores heróis. Que a sua história de sacrifício e lealdade será imortalizada em livros. Que o seu retrato está pendurado em Hogwarts, o lugar que era a sua verdadeira casa, o lugar que ele amava.

Fiquei triste quando ele morreu. Mas no fundo, ele já estava morto há muito tempo. Quero acreditar que foi Lily que o recebeu de braços abertos, num sítio onde já não há dor nem medo nem remorsos.