sábado, novembro 22, 2008

Sim ou Sopas

Não sei se alguma vez viram um certo filme com o Bill Murray e a Scarlett Johannsen que se chama "Lost in Translation". Eu nunca vi, mas gosto particularmente do nome do filme em português; um filme que, traduzido à letra, seria "Perdido na Tradução", ou mais aprumado, "Sentido Perdido", levou com a graça de "O Amor é um Lugar Estranho".
Sem dúvida que o amor é um lugar bem estranho, ou como diz o ditado popular, primeiro estranha-se, depois entranha-se. E uma palavra que se estranha e nunca entranha (pelo menos por completo) no amor é a palavra não.
A palavra não é uma das palavras mais complicadas em qualquer língua, não porque é difícil de dizer, escrever ou entender, mas porque é difícil de aceitar. Todos nós já ouvimos não nalguma ou muitas ocasiões da vida. Alguns não bastante simples, "queres um café?", "não, obrigada.", "hoje queres ir sair?", "eh pá, não, hoje tenho malta cá em casa.", "queres levar um par de estalos?", "ui, não estava a contar com isso." E depois há os não importantes da vida, não quero namorar contigo porque a Soraia é minha amiga e gosta de ti à bué, não podemos aceitá-lo na nossa empresa porque tem qualificações a mais, não entra na faculdade por uma décima na média. Isto são os nãos que eu gosto de chamar difíceis.
O que é intrigante no não é que não é socialmente aceitável a seco, ou seja, à laia de sufixo, vem sempre acompanhado de uma vírgula, e a seguir de uma desculpa, que, larga maioria das vezes, é bastante esfarrapada. Alguém disse, não me lembro quem, que uma pessoa só se pode considerar verdadeiramente livre no dia que disser não sem dar uma justificação. Acaba por ser uma grande verdade, não. Não e pronto. Ponto final, parágrafo.
Levei vários dias a moer e remoer um não, e obviamente, ainda o estou a remoer. Trata-se de um não no amor, que se dividem entre catastróficos e apocalípticos. E um não que poderia ter sido catastrófico, foi apocalíptico. Disseste não, porque... lá veio a desculpa, não esfarrapada mas gasta, e eu ouvi, assenti, disse tudo bem, e fui embora. Disseste não, quando no teu rosto, no teu olhar, no gesto com que afastas o cabelo dos meus olhos, na maneira gaiata de ser, eu vejo, claro e cristalino como a água.
Sim.

1 Comments:

Blogger Life said...

Life is complicated... If it was simple, it would loose all the fun...

3:32 da manhã  

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