quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Olha agora sim!

Após o anúncio da bancarrota total da Islândia e do Equador, eis que não quando os analistas pegam na bola de cristal e fazem o vaticínio dos países que poderão declarar falência em grande estilo, a saber: Reino Unido, Irlanda, Letónia, Ucrânia e Nicarágua. Não sou letrada em economia e finanças, além daquelas de fazer o ordenado esticar, mas confesso que fiquei atónita com a presença do Reino Unido nesta lista. Ucrânia e Letónia? Longe vão os tempos da glanost, perestroika, mas 1991 não foi há tanto tempo assim, a cortina de ferro ainda se faz sentir nestes países, tal como a Irlanda, que desde 1922 que tenta andar sozinha. São países com enormes limitações. A Nicarágua é um mistério para mim, porque eu ignoro profundamente o continente americano. Mas o Reino Unido?! É caso para dizer "C'oa breca!"

No entanto suspirei de alívio ao não ver Portugal na lista, mas logo em seguida entendi, e enchi-me de orgulho. Quando todo o mundo ficava horrorizado com a crise e o desemprego, Portugal encolheu os ombros e perguntou pelo resultado do Benfica.

Somos um país instável, de altos e baixos. Começámos com um gajo que andou à porrada com a mãe porque queria ser rei à força. No Interregno e atirámos o Bispo de Lisboa do campanário da Sé e o amante da rainha pela janela. Restaurámos a independência e atirámos o secretário de estado pela janela ( é um padrão, aparentemente ). Fizemos um golpe de estado com dezenas de militares, e não só os tanques pararam nos sinais vermelhos como não disparamos um único tiro.

Já conhecemos a fome e a peste, catástrofes naturais, anarquia e guerra civil. Opressão e ocupação, tirania e ditadura. Temos crise desde que o país se lembra, desde que cada palmo de terra era conquistado e mantido pela força da espada, e resistimos a tudo. tudo por causa de uma palavra que só existe no nosso vocabulário, e em mais nenhuma língua. É uma palavra, uma forma de estar, e viver, de agir. Nem sempre é o melhor, mas que resulta, resulta. É por isso que nada quebra este país, pequeno porém grandioso, cheio de defeitos e virtudes. As grandes potências bem podiam aprender connosco.

Nós somos desenrascados.