terça-feira, fevereiro 27, 2007

Silêncio

Recebi uma notícia que me deixou um pouco triste. Perdi um amigo. Quer, dizer, toda a minha família perdeu um grande amigo. Por isso quero deixar aqui uma homenagem a esse grande amigo que nos deixou hoje.
Morreu de velhinho, é bem verdade. Estava quase cego, sofria da próstata, tinha reumático. Estava medicado, tinha uma dieta rígida, estava a soro... e na mesa de uma urgência que se adivinhava teve uma paragem cardíaca.

Chamava-se Kiko, era um caniche preto, doce e meigo como só ele conseguia ser. Acompanhou o crescimento das crianças da família... que hoje em dia são adultos e ficam em silêncio quando ouvem a notícia do outro lado do telefone. Suportou todas as brincadeiras e malandrices com paciência e doçura. Só rosnava quando brincava, e a única vez que mordeu uma pessoa foi por engano e ficou doente três dias. Muito inteligente, deixa imensas histórias engraçadas. Guloso, ensinou-nos a todos o poder de pedir, mas pedir mesmo, com direito a choro e tudo.

Acham estranho deixar tudo isto escrito porque um cão morreu? Um cão que nem tão pouco era meu? Não estranhem. O Kiko era de toda a família. E a mim ensinou-me que há animais bem mais inteligentes que muita gente que se passeia por aí. E foi por causa dele que hoje em dia gosto de cães, apesar de saber que nunca mais encontro nenhum como aquele.

Não é uma pessoa, claro. Mas também é família.