Pai
Certo dia, já lá vão alguns anos, eu estava num dos encontros semanais do Grupo de Jovens, e o nosso ( eterno )coordenador Pedro perguntou-nos quem era o nosso herói. Alguns riram e disseram o Super-Homem, outros encolheram os ombros e disseram que não tinham ninguém, e eu respondi que o meu herói era o meu pai.
Ouviu-se um "ohhh!" da Filipa e da Rita Albuquerque, e eu expliquei. O meu pai é, e será sempre, o meu herói. Nem que seja pelo facto de ser bombeiro, um dos mais habilitados do país, ao ponto de ser convidado para plataformas petrolíferas na Noruega ou poços de extracção de petróleo no Barain. O meu pai é o meu herói porque já salvou muita gente, porque já evitou acidentes, mas principalmente porque eu já o vi apagar um incêndio na própria casa, e reanimar pessoas de família... só a minha tia Leonor deve-lhe a vida por duas vezes.
O meu pai também é o meu herói porque é fã do Cêgripe mas só esteve doente uma vez na vida. Porque agora já vai resmungando mas nunca esteve cansado para nós. Porque trabalhava noite e dia para pôr comida na mesa, sapatos nos pés e livros na pasta dos mais pequenitos. Porque sempre entendeu a minha necessidade de fazer voluntariado, por nunca reclamar por eu nunca estar em casa ao fim de semana, embrenhada em inúmeras actividades. Por nunca ter batido nem levantado a voz.
Foi dele que herdei a calma, a paciência infindável, a generosidade de nos darmos aos outros, o sangue frio e a capacidade de desarmar qualquer pessoa com uma resposta simples. Herdei dele a cor dos olhos e o cabelo com muitos brancos apesar de ainda ser nova, e a lógica fria de fazer o que é preciso, e não lamentar o que já está feito. Aprendi com ele os valores mais importantes, a força da palavra e a força maior da falta dela. Aprendi que voar não é importante, é importante é voar com o espírito.
Foi ele que me disse que eu podia ser o que quisesse, desde que fosse honrada e feliz. Foi ele que me ensinou que há mais marés que marinheiros... Foi ele que me ensinou o que é a honra, como funcionam as marés, tirou-me o medo do mar, ensinou-me a conduzir e a descer a Serra de carro.
Com ele aprendi que a chorar nada se resolve, apenas a arregaçar as mangas.
É por tudo isto que procuro um homem de carácter, como ele, para ficar comigo o resto dos meus dias e ser pai do meus filhos.
É por tudo isto que ainda hoje gosto de chegar a casa e enroscar-me no colo dele como se fosse menina pequenina, feita de mel e de sonhos, e adormecer encostada ao peito dele, enquanto ouço um coração grande onde cabe toda a gente, e ele brinca com o meu cabelo, que já vai caminhando para grisalho e um dia será como o dele.
Para o meu Pai.
Ouviu-se um "ohhh!" da Filipa e da Rita Albuquerque, e eu expliquei. O meu pai é, e será sempre, o meu herói. Nem que seja pelo facto de ser bombeiro, um dos mais habilitados do país, ao ponto de ser convidado para plataformas petrolíferas na Noruega ou poços de extracção de petróleo no Barain. O meu pai é o meu herói porque já salvou muita gente, porque já evitou acidentes, mas principalmente porque eu já o vi apagar um incêndio na própria casa, e reanimar pessoas de família... só a minha tia Leonor deve-lhe a vida por duas vezes.
O meu pai também é o meu herói porque é fã do Cêgripe mas só esteve doente uma vez na vida. Porque agora já vai resmungando mas nunca esteve cansado para nós. Porque trabalhava noite e dia para pôr comida na mesa, sapatos nos pés e livros na pasta dos mais pequenitos. Porque sempre entendeu a minha necessidade de fazer voluntariado, por nunca reclamar por eu nunca estar em casa ao fim de semana, embrenhada em inúmeras actividades. Por nunca ter batido nem levantado a voz.
Foi dele que herdei a calma, a paciência infindável, a generosidade de nos darmos aos outros, o sangue frio e a capacidade de desarmar qualquer pessoa com uma resposta simples. Herdei dele a cor dos olhos e o cabelo com muitos brancos apesar de ainda ser nova, e a lógica fria de fazer o que é preciso, e não lamentar o que já está feito. Aprendi com ele os valores mais importantes, a força da palavra e a força maior da falta dela. Aprendi que voar não é importante, é importante é voar com o espírito.
Foi ele que me disse que eu podia ser o que quisesse, desde que fosse honrada e feliz. Foi ele que me ensinou que há mais marés que marinheiros... Foi ele que me ensinou o que é a honra, como funcionam as marés, tirou-me o medo do mar, ensinou-me a conduzir e a descer a Serra de carro.
Com ele aprendi que a chorar nada se resolve, apenas a arregaçar as mangas.
É por tudo isto que procuro um homem de carácter, como ele, para ficar comigo o resto dos meus dias e ser pai do meus filhos.
É por tudo isto que ainda hoje gosto de chegar a casa e enroscar-me no colo dele como se fosse menina pequenina, feita de mel e de sonhos, e adormecer encostada ao peito dele, enquanto ouço um coração grande onde cabe toda a gente, e ele brinca com o meu cabelo, que já vai caminhando para grisalho e um dia será como o dele.
Para o meu Pai.
1 Comments:
um dia um escritor escreveu que se conquista uma mulher sabendo o que ela pensa do próprio pai.
agora não me escapas... :D
está lindo... como tu.
M.
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