quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Momento de nostalgia

Perdoem por bater na mesma tecla, mas isto é mais um desabafo do que um post. Estando eu em contacto com muitas crianças, pré-adolescente e adolescentes ( para mal de todos os meus pecados ), constato que, se perguntarem a uma criança ou a um adolescente o que quer ser quando crescer, 80% das respostas irão ser, invariavelmente, futebolista, modelo, ou simplesmente artista, como me respondeu uma menina.

- Está bem, mas artista de quê? Cantora, actriz...
- Sei lá, uma coisa qualquer, quero aparecer na televisão.

Enfim, o irmão da dita cuja tem 5 anos e quer ser modelo e ser rico, segundo o mesmo. E eu olho para estes dois exemplos que vos dou ( asseguro que conheço muitos mais ) e lembro-me com ternura dos meus colegas e amigos de escola e brincadeira. Lembro-me da Cláudia, que queria ser médica, do António, que queria ser bombeiro. Da Fernanda que queria ser polícia, e do Bruno que queria ser carpinteiro. O Jorge queria ser actor, o Paulo tratador de cavalos, o Zé Pedro pasteleiro, a Vera sonhava em ser bailarina, eu queria ser escritora e o Gonçalo queria ser o melhor violinista de sempre, a Leonor queria ser da Marinha e o Quim era a promessa do futebol.

Alguns mantiveram-se fiéis ao seu sonho, outros encontraram outros talentos e alentos. O que é certo é que é a vós, meus amigos e companheiros de escola, que ainda brincámos na rua, que nos lembramos do mundo sem computador em casa, PlayStation e telemovéis, que dedico este post.

Nós que pertencemos à última geração a brincar na rua até as mães virem chamar. Não tinhamos Internet ultra rápida, nem computador tão pouco; isso foi mais tarde, já madraços crescidos. Mp3 não havia, e PSP era só a bófia. O jogo portátil que tínhamos era o Tetris, e claro, os berlindes. O melhor veículo do mundo era o carrinho de rolamentos, e na nossa geração quem não tem cicatrizes na cabeça não é gente. A única preocupação que tivemos com marcas foram os ténis All Star, e quanto mais nojentos e rotos melhor; aliás, gente com roupas bonitinhas e de marca eram betos à margem da sociedade. Compravamos a Bravo em alemão porque não havia outra, e ter um discman era um luxo que poucos tinham.

Podíamos não ter tanto, mas pelo menos tínhamos mais imaginação.