Romantismo I
Cheguei um bocadinho tarde, mas cá está o post de S. Valentim. Este dia é tenebroso. E antes que comece o apedrejamento, e o fatídico "ah e tal, dizes isso porque não tens namorado", podem parar por aí. Eu nunca gostei do dia dos Namorados, com apêndice ou sem apêndice.
Acho uma pieguice, um romantismo foleiro de trazer por casa. Para onde quer que nos viremos, há ursinhos, e cãezinhos, e coelhinhos, e ornitorrincozinhos de peluche com airosos dizeres: "I Love You", You're My #1", e por aí fora. Que me perdoem os fãs deste dia, mas isto ultrapassa o piroso comum. Não sou uma pessoa romântica, ou melhor, não sou a romântica esteriotipada. Nunca recebi nenhum ursinho-peludinho-e-fofinho-a-largar-gosma-de-tão-amorosinho-que-é. E ainda bem, porque o ursinho teria voado pela janela, seguido, naturalmente, pelo bem intencionado rapaz.
Além disso, não percebo a necessidade de importar um santo pinga-amor italiano, quando temos um santo casamenteiro portuguesinho. Para quê um São Valentim, quando podemos usar a prata da casa e celebrar o dia dos Namorados no dia de Santo António? Se se derem ao trabalho de ler a história de São Valentim, vão reparar que é tão pirosa quanto o dia. Não só era um gajo desobediente, como ainda por cima foi preso, pôs uma ceguinha a ver, atirou-se a ela que nem um leão apesar de ser padre, e acabou por ser decapitado para não andar armado em parvo. Ora, isto é uma autêntica novela mexicana. O nosso Santo Antoninho quebrava as bilhas às raparigas, mas pelo menos remendava-as, e arranjava-lhes marido catita. Já lá cantava a Maria da Graça n'"O Pátio das Cantigas":
"Esse negócio de "I love you",
De "mon amour", de "Paris, je t'aime"
É só conversa para estrangeiro
e não fica bem para o bom brasileiro.
É bem melhor, é muito mais bonito,
Quando se vê um rapagão aflito
Dizer baixinho junto da pessoa
"Você, morena, é um bocado boa!"
Certa vez disse a um moço da minha afeição para não me dar prenda de dia dos Namorados; ele que me desse um manjerico no Santo António, com quadra a condizer. E ele cumpriu. Manjerico com o cravo de banda, e um papelinho que ainda tenho:
"A Santo António pedi moça
Bonita p'ra namorar.
Logo me calhou uma arisca,
Mas com ela quero casar."
Bem mais original que uma almofada em forma de coração a dizer "#1 Girlfriend".
E cá para nós... bem mais romântico.
Acho uma pieguice, um romantismo foleiro de trazer por casa. Para onde quer que nos viremos, há ursinhos, e cãezinhos, e coelhinhos, e ornitorrincozinhos de peluche com airosos dizeres: "I Love You", You're My #1", e por aí fora. Que me perdoem os fãs deste dia, mas isto ultrapassa o piroso comum. Não sou uma pessoa romântica, ou melhor, não sou a romântica esteriotipada. Nunca recebi nenhum ursinho-peludinho-e-fofinho-a-largar-gosma-de-tão-amorosinho-que-é. E ainda bem, porque o ursinho teria voado pela janela, seguido, naturalmente, pelo bem intencionado rapaz.
Além disso, não percebo a necessidade de importar um santo pinga-amor italiano, quando temos um santo casamenteiro portuguesinho. Para quê um São Valentim, quando podemos usar a prata da casa e celebrar o dia dos Namorados no dia de Santo António? Se se derem ao trabalho de ler a história de São Valentim, vão reparar que é tão pirosa quanto o dia. Não só era um gajo desobediente, como ainda por cima foi preso, pôs uma ceguinha a ver, atirou-se a ela que nem um leão apesar de ser padre, e acabou por ser decapitado para não andar armado em parvo. Ora, isto é uma autêntica novela mexicana. O nosso Santo Antoninho quebrava as bilhas às raparigas, mas pelo menos remendava-as, e arranjava-lhes marido catita. Já lá cantava a Maria da Graça n'"O Pátio das Cantigas":
"Esse negócio de "I love you",
De "mon amour", de "Paris, je t'aime"
É só conversa para estrangeiro
e não fica bem para o bom brasileiro.
É bem melhor, é muito mais bonito,
Quando se vê um rapagão aflito
Dizer baixinho junto da pessoa
"Você, morena, é um bocado boa!"
Certa vez disse a um moço da minha afeição para não me dar prenda de dia dos Namorados; ele que me desse um manjerico no Santo António, com quadra a condizer. E ele cumpriu. Manjerico com o cravo de banda, e um papelinho que ainda tenho:
"A Santo António pedi moça
Bonita p'ra namorar.
Logo me calhou uma arisca,
Mas com ela quero casar."
Bem mais original que uma almofada em forma de coração a dizer "#1 Girlfriend".
E cá para nós... bem mais romântico.
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