segunda-feira, março 29, 2010

Isto não vai acabar bem...



João Só e Abandonados, "Meu Bem"

Upa, up, latim?!

Um dos ditos populares que mais ouvi ao longo dos anos é “o não está garantido.” Sempre pensei que fosse uma frase de incentivo, do estilo “eh pá, não tens nada a perder”. Mas este fim de semana descobri porque se diz essa frase.
É porque está mesmo garantido.
E depois de muito meditação com a preciosa ajuda do irlandês e de vinho tinto carrascão, tive mais uma epifania, e anuncio que o serviço de senhora dos aflitos encerrou. Para sempre. Aberto apenas para aqueles que também são a minha senhora dos aflitos quando preciso, ou seja, duas ou três pessoas.
E antes que me digam que epifanias de estado alcoólico não são de fiar, fiquem-se com um dito bem mais antigo que o anterior:

“In vinus veritas”.

quinta-feira, março 25, 2010

Oh really?...

Numa conversa via e-mail, soube que a minha interlocutora tinha travado conhecimento com um trecho de um texto da minha autoria, do tempo em que os animais falavam. Pior, um texto que nunca foi colocado neste blog porque eu nunca quis que fosse lido, que é como quem diz, que caísse em mãos alheias, ou mãos de espécie nenhuma, como a larga maioria das coisas que escrevo. No entanto, já que ela tinha lido parte, disse-lhe que lembrava-me muito bem do contexto em que o escrevera, e perguntei-lhe se, porventura, queria ler o resto. A resposta foi negativa, porque ao contrário de mim, o momento em que recebera aquele pequeno texto era para esquecer e não para recordar.

Como é vox populi entre os meus amigos, acredito no valor e na força da palavra, seja ela dita ou escrita, e isso faz com que o que quer que eu diga ou escreva seja medido, pesado e calculado ao milímetro. E o facto de me lembrar não quer dizer que seja uma recordação boa... mas é uma recordação, faz parte do meu passado, e faz parte daquilo que sou no presente.

A única coisa que concluo deste episódio é uma das minhas frases preferidas.

People make assumptions.

sexta-feira, março 19, 2010

High Tech

Quem me conhece, sabe que eu gosto de ver os meus pais a tornarem-se adeptos das novas tecnologias, a.k.a. computadores, e orgulho-me de dizer que tanto um como o outro não olham para a pobre máquina como se fosse um animal potencialmente perigoso, ou pior, raivoso.
A minha mãe é uma grande entusiasta de jogos, a saber, Tribal Wars, Ikariam, e agora descobriu o maravilhoso mundo do Facebook, onde joga quase todos os jogos disponíveis. E pior, joga bem. Mesmo muito bem.
E quem me conhece sabe também que, por norma, jogo a esses jogos durante uma noite, só para ver como é que é para contar como é que foi. O único que mantenho é o FarmVille, e é a minha mãe que toma conta dele... e o que se torna engraçado nisto tudo ( senão nem merecia um post no blog ), são as maravilhosas expressões que ouço, directamente a partir do sofá da sala, a saber:

"Tenho um urso polar no aquário."
"Não querem festinhas, vou aos gatos!"
"Tive de comprar uma casa de banho, as pessoas já andavam com sanitas na cabeça."

E a pièce de résistance...

"Tenho atuns para colher, e tenho de plantar golfinhos!"

Haja alegria.

quarta-feira, março 17, 2010

Happy Saint Paddy's!

"May the road rise up to meet you.
May the wind be always at your back.
May the sun shine warm upon your face;
the rains fall soft upon your fields and until we meet again,
may God hold you in the palm of His hand."


Feliz dia de São Patrício para todos.

sábado, março 13, 2010

Será?

Ontem, sentei-me na beira da tua cama. Já dormias, um sono induzido por um qualquer comprimido que te deram, não para descansares, mas para teres umas horas de pausa no confusão, no sofrimento, na tortura.

Acaricio-te o cabelo, devagar, e tento não fazer o óbvio, pegar nos teus ombros e sacudir-te, gritar para acordares. porque comprimido algum é mais forte que a esperança, o alívio.

Quero contar-te que contei tudo. Mas mesmo tudo. Quero dizer-te que nunca senti um alívio tão grande na minha vida. E quero dizer-te que talvez, talvez lá no fundo, o Padre Baptista tivesse razão, e o Amor é mesmo a resposta para tudo no mundo. Ou como me ensinou o teu irmão, o que faz o mundo girar é a vontade de continuar.

Será que algum dos dois tinha razão? Ou pior, será que os dois têm razão?

Será?

Nem imaginas o quanto rezado para a resposta ser sim.

terça-feira, março 09, 2010

Hopeless

Olho para ti, caído na apatia e na tristeza, e sinto-me impotente. Pior, impotente e culpada. Perdeste tudo, quando apenas querias uma coisa. E de tudo o que se pode recuperar, não sabemos se recuperarás o mais importante.
Pedi, durante anos, para nunca entrar aqui dentro para visitar um familiar ou amigo, e Deus não me deu essa ventura. E agora vejo-te aqui, e o meu coração nem tem espaço para raiva ou ódio, só tristeza. Lembro-me do teu sorriso, da tua alegria, do teu jeito tresloucado de bon vivant, lembro-me como brincávamos contigo e dizíamos que eras como o Dorian Gray e não envelhecias. E agora vejo-te deitado nesta cama, numa velhice que te derrubou em poucos dias, o cabelo grisalho, a barba completamente branca, o olhar vago.
Sei que o teu coração não quer acreditar, e a tua razão bloqueia e recusa-se a aceitar. O meu coração também não quer acreditar, mas a minha razão mostra-me o inegável, e fico apenas aqui, a olhar para ti, ainda sem conseguir entender porquê um castigo tão grande a um homem tão bom.
Olhas para mim, e dás-me uma pequena amostra do que foi o teu sorriso, um dia. Eu sorrio de volta, apesar de os meus olhos me traírem, eu sei, sinto-os cheios de lágrimas. Estendes a mão e pegas na minha, e eu sei que me reconheces, mas não falo, não quero que te assustes, e que te cales de vez. Apenas olhas, como quem ganha balanço para um pergunta difícil, daquelas que custa a encontrar as palavras certas. Murmuras, e eu não entendo, e debruço-me sobre ti.
“Quando é que ela chega?”
Preferia nunca o ter feito, porque ditaste sozinho a tua sentença. Respiro fundo para não te bater, não te abanar, não te gritar, e consigo. Faço-te uma festa no cabelo, e sinto as lágrimas correrem pela minha cara, e tu repetes a pergunta. Quebro as regras que segui durante anos, abraço-te e digo a única coisa que nunca quis dizer a alguém que amasse, mas que sei que é a única coisa que te devo dizer agora. Uma mentira piedosa.
“Ela já vem.”
Sorri, o teu olhar ganha uma luz de esperança, e pedes-me o computador. Eu pego no pequeno NetBook e dou-to para as mãos, e tu pões a tocar a vossa música em repeat mode, e escreves, escreves horas a fio, e apenas olho para ti, e deixo cair as lágrimas. Preferia ver-te caído em ódio, do que nessa esperança vã, enquanto repetes a ladainha “ela já vem, ela já vem”… Lembro-me de uma noite de copos, que disseste que só casarias com a mulher certa, e que ela andava por aí, só não a tinhas encontrado ainda, e o Miguel disse, meio a brincar meio a sério, aquele que seria um vaticínio: a pensares assim ainda vais acabar mal. Quem me dera ele nunca o tivesse dito, e choro, consumida por tristeza, pena, raiva, ódio, e saudade.
Saudade de quem foste e nunca tornarás a ser. Porque mesmo que melhores nunca mais serás o mesmo.

quarta-feira, março 03, 2010

Manobras de Diversão

Antes de mais, peço imensas desculpas aos leitores do meu blog pela ausência... este é o primeiro post a partir do Anselmo Júnior, pequeno NetBook que veio alegrar a minha infeliz existência. :)

Têm sido tempos complicados. Nós somos mesmo assim, quando um amigo está em apuros, vamos todos a correr. É essa a ténue linha que nos separa de bons malandros para simples marginais: a lealdade que temos uns com os outros. E aquilo que começou com uma simples desconfiança fez-nos puxar a ponta do novelo, e quanto mais puxamos mais descalabros encontramos.

Não está fácil. e o pior é quando olhamos e claramente vemos que o que se está a passar é grave, mas não passa de uma manobra de diversão.

Mas não desistimos. Porque acima de tudo, nada nem ninguém destrói uma amizade tão forte como a que nos une a todos.

Um grande obrigada, Z... tu sabes que eu não sou pessoa que lamechiches, mas foste um grande apoio naquela hora. Um beijinho.