Porque escrever é uma forma de repensarmos aquilo em que acreditamos.
segunda-feira, dezembro 28, 2009
Flor de Nenúfar
Uma das coisas que disse quando mudei de emprego foi "não estou aqui para fazer amigos, estou aqui para trabalhar". E se a lógica até tem lógica, o que é certo é que, às vezes, é difícil seguir aquilo que decidimos. Ou porque afinal não é bem assim. Ou porque temos de nos moldar e adaptar. Ou porque, pura e simplesmente, deparamo-nos com pessoas de sorriso franco e aberto, meio malandro de menina que não cresce, daqueles sorrisos que chegam aos olhos e os fazem brilhar, onde o riso é um despertar de alegria e fazem-nos rir, e por muito que não queiramos, acabamos por gostar delas e apegamo-nos.
Hoje falei muito de sorrisos, que é uma coisa de que gosto muito, porque são incrivelmente reveladores, e sendo eu pessoa observadora, gosto de catalogar as pessoas pelos sorrisos. E a razão pela qual que coloquei uma imagem de uma flor de nenúfar é rebuscada... mas a flor do nenúfar é a minha flor preferida, porque nasce das águas escuras e é uma mancha de cor, de alegria. Porque é resistente e persistente. Porque dobra mas não quebra, e faz-me lembrar pessoas que gosto. E porque o nome desta flor, em Manx, significa sorriso.
Todos nós temos as nossas flores de nenúfar na vida, em todo o lado. E no trabalho não é excepção; e se a lógica caiu por terra, fico feliz por isso, porque conheci, de facto, uma pessoa extraordinária, com quem consigo conversar sobre tudo e sobre nada, com quem tenho muito em comum, e com quem a diferença de idades não se vê nem se pensa. Uma pessoa inteira, e adorável. E que, onde quer que a vida me leve, e a leve a ela, espero nunca perder a oportunidade de ver o sorriso rasgado e travesso, e a gargalhada de quem vem contar um disparate.
Dedicado à mulher que não gosta do título, que tem as gargalhadas mais contagiantes de sempre, que não tem medo de saltar alegremente para me chamar, e acima de tudo, que torna um dia de trabalho mais leve.
- Can I have one, pweaseeee? - No way. I won't sleep with such thing in my bed! - Why, sweet, I sleep with you in my bed and I'm just fine... - ... - ... jokin'...
- Uma mulher atirou-se em voo até ao Papa, e agora tem uma comunidade de fãs na Internet. - Claro, as pessoas identificam-se. - Hum. Será que o homem que atirou o sapato ao Bush também tinha fãs? E o que atirou a estatueta ao Berlusconi? - Eheheh, se calhar tinham. - E o nigeriano que queria explodir o avião, ontem? Será que também tem? - Ora... ( olhar de indignação ) Isso são coisas diferentes! - São? Como? - Isso é terrorismo! - E o terrorismo não é um acto de violência? - Sim... ( ar confuso ) - E atirar uma estatueta a cara de uma pessoa não é um acto de violência? - Estás a confundir as coisas... ( encolher de ombros ) - Só acho que as pessoas torcem os significados consoante lhes dá jeito. E acho que atirar sapatos, estatuetas ou papas não resolve nada. Acho mal a mulher atirar-se ao Papa. - Claro que achas, és católica! - Não é isso! O homem fez voto de castidade!
O mais bonito foi o ar de exasperação do meu interlocutor.
A Igreja Católica afirma que o casamento homossexual é uma agressão contra a família e aos valores cristãos. Para mim, uma agressão à família e aos valores cristãos são os maridos que batem nas mulheres, as crianças que são maltratadas. Nestas alturas não me sinto longe de Deus, mas sinto-me longe da Igreja.
José Raposo, no papel de Carlos Alberto/Zazá Napoli, "A Gaiola das Loucas".
Carlos Quintas, no papel de de Armando del Carlo, "A Gaiola das Loucas".
Caríssimos: devido a uma trabalheira de se lhe tirar o chapéu, andei a modos que um bocadinho a leste do blog. Mas aproveito uma pausa numa viagem, e enquanto bebo um café vejo os mails, vejo o fofinho do Facebook, e claro, lá vai um post no blog, que assim é que é bonito. Viva a Internet móvel, o WiFi, os notebooks, as áreas de serviço nas auto-estradas e o café quentinho!
No domingo fui ver a "Gaiola das Loucas", agora no Politeama. As quatro da vida airada entram pelo teatro dentro, onde se ouve a voz do La Féria: Programas! Quem quer programas! Lá fui eu comprar o programa da praxe, e a Ana foi ao wc, o que também já é costume. Eu estou ansiosa para entrar, é uma peça que me diz muito, e não me desilude: o tema foi tratado com respeito, mas também satirizado. Os actores estão todos, todos, sem excepção, soberbos. O José Raposo está maravilhoso, fantástico, maior que si mesmo e que o palco... digno e merecedor do todos os prémios que se possam imaginar. O Carlos Quintas... bem, perdoem o facciosismo, mas para mim o Quintas é sempre lindo, nem que seja a fazer papel de gay, e com bigode a sublinhar o nariz, e é O Actor. O Carlos Quintas é o último grande galã português, um Artista completo, actor, bailarino, cantor. E lindo, e charmoso até às últimas. Até de camisa de seda estampada.
No fim, as lágrimas inundam-me os olhos. Eu, que tive a sorte, ou melhor, a honra de conhecer e ainda ver actuar nomes como Lydia Barloff e Ruth Bryden ( e tantos outros, Suelly Cadillac, Deborah Kristal... ), ouvi-los a serem homenageados, a serem aplaudidos de pé. Artistas de uma arte que nem todos entendem e poucos aceitam, e eu, sortuda que cresceu numa família liberal, com uma mentalidade que nem parece portuguesinha, que tenho um tio emprestado que que é homossexual assumido, activista, ex-travesti, tonto, meio doido e amoroso como tudo ( a Zazá sem plumas faz-me lembrar o meu tio António ), correm-me as lágrimas pela cara ao lembrar os bons tempos em que o tio Zé ainda era vivo, e enquanto se maquilhava e "vestia" a Lydia eu contava-lhe sonhos e vontades, e ele sorria e dizia: tu vais longe, miúda...
Os meus parabéns ao La Féria e toda a equipa. A todos os actores, em especial aos dois protagonistas, duas estrelas do teatro português ( é preciso ser muito homem para fazer um papel destes e no fim ainda darem um beijo!, dizia a Micas, admirada ). Vê-se que está em cima do palco muita dedicação e um trabalho de amor. E acima de tudo, um grito de revolta, de alerta, de liberdade.
Quem me dera viver no mesmo mundo que o Carlos Alberto pede, antes de subir as escadas em pranto.
Esta é a Laura. Tinha nascido à cerca de 20 minutos quando tirei a foto, e segundo um dos meus colegas de trabalho, "parecia uma farófia!" O que é certo é que agora os bebés têm pulseira electrónica e tudo, para não serem roubados. Cá para mim é para avaliar se não são ameaças para a sociedade. Tivessem feito isso no meu tempo e eu nunca teria saído de lá. Como tia, a primeira coisa que fiz foi reclamar com a enfermeira, porque puseram o barrete azul na cachopa. Para dar o exemplo. Para a cachopa ser contestatária logo de pequenina.
Hoje aprendi que os machos das Drosophilas ( género de mosca ), quando quer acasalar, dá comida à fêmea, faz-lhe sexo oral e depois dá-se a cópula em si. Ou seja, leva-a a jantar, mostra-se disponível para agradar e depois, tunfas! Isso fez-me pensar que, se existe um homem perfeito, esse homem é o Jeff Goldbum.
PS: Mais uma vez reforço. Infelizes daqueles que não têm uma bióloga na família.
Uma das melhores coisas do meu trabalho são as pessoas fantásticas que conhecemos, aquelas que fazem girar o mundo livreiro e que, crise atrás de crise, não desistem de tornar o país mais culto, mais educado, mais consciente e coerente. Por favor, visitem o Chapéu e Bengala; o link está na barra lateral.
Tenho de admitir que a Lego está muito, muito boa... cada vez melhor, até a fazer-nos rir! A cara da bonequita está demais! "Seu filho de uma p***!", seria a legenda.
Adorei. E logo eu, que nem gosto do Indiana Jones.
Ontem foi segundo-feira, logo, foi dia dos vendedores darem uma ar da sua graça e aparecerem no escritório. Como é óbvio, quase todos andam de fato ( existem uma excepção, mas mais vale nem ir por aí ), e alguns usam gravata. E não há um que dê o nó da gravata como deve de ser, e pior! Horror dos horrores! Gravata italiana com nó inglês numa camisa de colarinho francês. Nem a UE faz uma mistura tão grande.
Por isso, oferece-se workshop para identificarem os diferentes tipos de gravata, de colarinho, e que nó deve ser aplicado. Como se devem usar as riscas, o xadrez, o que são padrões dominantes, e o que é um lenço de algibeira, porque é que o botão de punho fica bem, porque é que o alfinete de gravata foi banido e não, não é clássico, é piroso, o que é um alfinete de colarinho e porque é que só se usa este se se usar colete, para os homens que me rodeiam profissionalmente, e que, pelos vistos, faltou-lhe quem os ensinasse devidamente.
Ou então declarem-se irlandeses, e declarem ódio à gravata. Menos mal.
"Butterfly", de Jason Mraz. Fantástica, com uma letra bem sugestiva. Não me canso de a ouvir.
I'm taking a moment just imagining that I?m dancing with you I?m your pole and all you're wearing is your shoes You got soul, you know what to do to turn me on Until I write a song about you
And you have your own engaging style And you've got the knack to vivify And you make my slacks a little tight You may unfasten them if you like That's if you crash and spend the night
But you don't fold, you don't fade You got everything you need, especially me Sister, you've got it all
You make the call to make my day In your message say my name Your talk is all the talk Sister, you've got it all You got it all
Curl your upper lip up and let me look around Ride your tongue along your bottom lip then bite down And bend your back and ask those hips if I can touch 'Cause they're the perfect jumping off point Getting closer to your butterfly
Will you float on by? Oh, kiss me with your eyelashes tonight Or Eskimo your nose real close to mine And let's mood the lights and finally make it right
But you don't fold, you don't fade You got everything you need, especially me Sister, you've got it all
You make the call to make my day In your message say my name Your talk is all the talk Sister, you've got it all
You got it all, you got it all, you got it all You got it all, you got it all, you got it all You got it all, woo, hey baby, uh You've got it all
Doll, I need to see you pull your knee socks up Let me feel you upside down, slide in, slide out Slide over here, climb into my mouth now child
Butterfly well you landed on my mind Damn right you landed on my ear and then you crawled inside And now I see you perfectly behind closed eyes I want to fly with you and I don't want to lie to you
'Cause I, 'cause I can't recall a better day So I?m coming to shine on the occasion You're an open-minded lady, you've got it all
And I never forget a face Except for maybe my own, I have my days And let?s face the fact here It's you who's got it all
You know that fortune favors the brave Well let me get paid while I make your breakfast The rest is up to you, you make the call
You make the call to make my day In your message say my name Your talk is all the talk Sister, you've got it all
I can't recall a better day So I'm coming to shine on the occasion Hey sophisticated lady, oh you got it all
Para quem não sabe, eu nasci em Belém ( qual menino Jesus ), mas cresci num sítio ligeiramente menos airoso: Serra da Luz, na Pontinha. É um bairro ilegal, desordenado, labiríntico, problemático, e pobre, muito pobre. Até aqui nada de especial. Mas aqui à tempos veio aterrar nas minhas mãos uma brochura ( gosto muito desta palavra! ) turística, sobre dez centros comerciais a visitar em Lisboa e arredores. Não sei quem se daria ao trabalho de fazer algo assim, mas estava em inglês e pelos vistos o povo adere. Constava, nessa mesma brochura ( escrita num inglês de fazer Westminster desabar ) o Colombo, as Amoreiras, e, pasme-se, o Odivelas Parque, como "a boa escolha". A variedade de lojas, localização e acessos eram elogiados, bem como o facto de ser bastante pacífico. E eis que não quando, pasme-se!, deparo-me com a seguinte frase:
"...e as esplanadas interiores, com janelas enormes que nos dão uma soberba vista para uma aldeia pitoresca às portas da capital."
O que se vê das esplanadas do Odivelas Parque é a Serra da Luz. Pode não ter piada para a maioria das pessoas, mas para alguns e algumas como eu... bem, é de ir às lágrimas.
Ok, eu sei que o moço é giro, as pitas andam aí mais doidas que eu sei lá o quê, ah e tal, 'tá na moda... Robert Pattinson fez uma fugaz passagem pelo "Harry Potter e o Cálice de Fogo", e foi catapultado para estrelato com a saga Twillight, aparentemente no papel de um vampiro. Até aqui tudo bem. Mas alguém pode, por caridade, explicar-me qual é a alergia que o rapaz tem aos pentes?!?!?!?!
( Quanto ao outro, que faz de inimigo, ou arqui-inimigo... ou, er... enfim, o outro, bem, Micas, desculpa lá mas parece aquilo que é: um puto imberbe com exercício a mais nos abdominais e a menos no cérebro. )